terça-feira, 22 de julho de 2008

Coisas da Tropa...

Mafra, Escola Prática de Infantaria, Companhia de Acompanhamento, Pelotão de Armas Pesadas, comandante Aspirante a Oficial Miliciano de Infantaria, 3T.
Manobras anuais da Região Militar de Lisboa, próximo da Lagoa Azul, Sintra.
Fogos reais. Alvos montados pelos Sapadores, sacos de terra na crista do monte. Apoio de armas pesadas de Infantaria (7,5 e 10,6, canhóes sem recuo e morteiros). BUM, BUM e mais BUM. Fumo e cheiro a pólvora. Calor. Dando apoio à tropa de atiradores que evoluia lá em baixo.
Ora, para quem não saiba, os canhões sem recuo 7,5 e 10,6 são armas anti-carro e anti-pessoal, que disparam projecteis perfurantes, que nem sentem os sacos de terra, pois são feitos para furar blindagens.
Como estes estavam na crista do monte, e não na encosta, os projécteis perfuravam-nos e rebentavam atrás do monte, fora da nossa vista.
Entusiasmo geral: não falhávamos uma (pudera, aquilo era sempre no mesmo sítio, ano após ano, e os azimutes já estavam empinados...).
Estalidos na rádio, vozes roufenhas e agitadas, e o rádio vem a correr para mim:
- Ó meu aspirante, fale aqui com o nosso comandante de Companhia, que está lá atrás, no Posto de Comando.
Era o Capitão L, conhecido por "O Dentinho de Armar", nome de código Avó 1. Gritos no rádio:
- Avó 3 (eu, o 3 já era o meu número profético, então) de Avó 1, Avó 3 de Avó 1, diga se me ouve, kapa!
- Avó 1 de Avó 3, ouço perfeitamente, kapa.
- Po.rra, ó B... Já f-deste a casa ao homem, po.rra!!
As minhas esforçadas tropas estavam, há que tempos, a destruir um palheiro de alvenaria, construido à revelia da zona militar, e que não constava na carta topográfica.
A seguir: "Como se desencrava um canhão de 7,5, e a visita de S.Exa. o Ministro do Exército, Coronel S.C."

Sem comentários: