segunda-feira, 21 de julho de 2008

Coisas de Santa Cruz...

O meu Pai era grande caçador mas trazia para casa os animais malferidos, tratava-os e libertava-os, depois de curados.
Férias de verão em Santa Cruz, numa casa alugada ao mês, eu putíssimo, a paletes de anos de hoje.
Retrete era cabana no quintal, com buraco à turca, papel espetado num prego da parede de tábuas, mais uns pregos a servir de cabides, porta desconjuntada com fecho prehistórico. Quem quisesse luz, trouxesse vela ou candeeiro de pitrol. De dia, havia as frinchas de ventilação e iluminação ecológica...
Coruja adulta, com asa partida e já em talas, depositada pelo Pai na madeiral estrutura, durante o dia, sem dar cavaco à malta de casa.
De noite, jovem tia sente apertos, pega em velinha acesa e segue para a retrete, no meio do quintal. Entra, desprevenida e assusta a coruja, alapardada no escuro, e que desata a esvoaçar pela casota, largando penas por tudo que é sítio e piando gemidos fantasmagóricos e lúgubres. Vela apaga-se jovem tia grita de terror e sai aos berros, juntamente com a coruja desasada. A família acorre, em tropel.
Consta que a jovem tia, depois de breve episódio diarreico, nessa noite de medo, teve uma prisão de ventre que perdurou durante o resto das férias, nunca mais havendo entrado na casota dos cocós, lá em Santa Cruz, há paletes de anos.

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