quinta-feira, 24 de julho de 2008

Coisas de Teatro...

Companhia de Teatro Itinerante Rafael Oliveira
Esta companhia fez mais pelo Teatro, em Portugal, do que qualquer organismo governamental, ou privado, da época.
Percorriam o País de lés a lés, família e anexos, desempenhando todas as actividades inerentes ao Teatro, desde actuação a carpintaria de cena, adereços, electricidade, etc..
O repertório poderia não ser dos mais eruditos, mas concitava entusiasmo, por onde quer que fosse. As pessoas faziam bicha, no interior da ruralidade nacional, aguardando horas pela abertura da sala, ansiosas pelas pancadas de Molière, e deliciando-se com as tragédias e comédias que a Família Oliveira lhes (nos) trazia.
Creio que o conhecido comediante Camilo de Oliveira é descendente desta Família, e até talvez tenha participado em sessões de teatro ambulante.
Não assisti pessoalmente à cena que vou relembrar, mas acho que merece ser descrita aqui e para vosso conhecimento.
Tratava-se de uma cena em que um personagem tinha de queimar uma carta comprometedora em cena, após o que outro actor entrava em palco, fungava, e dizia: "Cheira-me aqui a papel queimado!". A deixa era crucial para a evolução da peça.
O aderecista de cena esqueceu-se de colocar fósforos em cena, e, como o actor não tinha com que queimar a carta comprometedora, decidiu rasgá-la e colocar os pedaços no cinzeiro, esse, sim, presente em cena.
O actor que deveria entrar em seguida, e dizer "Cheira aqui a papel queimado", não teve outro remédio senão entrar e clamar, em voz bem alta: "Cheira aqui a papel rasgado!"
Consta que o interesse pela peça não diminuiu por isso.

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